Olódùmarè mostra a Onílé a supremacia do mais velho

Olódùmarè mostra a Onílé a supremacia do mais velho
  • Olódùmarè é sempre colocado em primeiro lugar, bem acima das divindades e de tudo o mais na mitologia yorùbá. Ele está acima de tudo. No oríki, a seguir, ele surge como “aquele” cuja autoridade está sobre a Terra, estabelecida de uma vez por todas.

Ilẹ̀ nì nkan pèlú Olódùmarè
a terra tem uma demanda com Olódùmarè
Olódùmarè gbà pé òhun nì àgbà
Olódùmarè afirma ser o mais antigo
ilẹ̀ lẹ̀ gbọ́n
A terra afirma ser a mais velha
Nítorí eku ẹ mọ kan
Por causa de um rato marrom
Òjò kọ̀ kò rọ̀ mó
A chuva para e não cai mais
Iṣu wú súgbọ́n kò ta
Os inhame brotam, mas não desenvolvem
Àgbado yó ómó sùgbọ́ kògbó
As espigas de milho enchem, mas não amadurecem
Gbogbo ẹiye kú tán lọ kò
Todos os pássaros da floresta estão perecendo
Igún ngbẹ́bọ họ̀run
O abutre está carregando oferendas para o céu.

O oríki origina-se de um mito: Olódùmarè e a (Terra = Onílẹ̀ – leia-se Onilé) saíram para caçar. Apanharam apenas um rato. No seu retorno, na hora da partilha, viram-se às voltas com o problema do que fazer com apenas um rato. Olódùmarè afirmou que o rato era seu, de direito, por ser ele o mais antigo; Onílẹ̀ protestou declarando ser ainda mais velha e, portanto, era ela quem deveria levar o rato. Olódùmarè, então, deixou que o rato ficasse com ela, mas voltou para o Òrún determinado a mostrar à Terra quanto ela estava enganada.

O resultado foi que, ao chegar ao céu, ele imediatamente “desligou” todas as coisas e, assim, todos os benefícios que a Terra recebia do céu não foram mais obtidos: não houve mais chuvas, as colheitas não aconteceram nas fazendas e todas as coisas vivas estavam perecendo.

Onílẹ̀ começou a preocupar-se; procurou o oráculo através de um Bàbáláwo e foi aconselhada a enviar o rato para Olódùmarè, acompanhado das devidas desculpas. A maneira de executar tal tarefa seria fazer com ele um sacrifício para transformá-lo em oferenda (ebó). Ela fez o sacrifício, mas, inicialmente, não conseguiu encontrar ninguém que levasse a oferenda a Olódùmarè. Finalmente, contudo, o abutre aceitou a incumbência.

Ao receber a oferenda, Olódùmarè deu ao abutre uma pequena cabaça e disse-lhe que a despedaçasse ao alcançar a divisão entre Òrún e àiyé. O abutre, porém, vencido pela curiosidade, quebrou imediatamente a cabaça logo após deixar a presença de Olódùmarè.

O resultado foi que, imediatamente, começou a chover torrencialmente na Terra. Todas as criaturas vivas se enfurnaram e o barraram na entrada. O abutre não conseguira encontrar um local de abrigo porque estava encharcado e, cada vez que tentava entrar em uma toca, ele era bicado fortemente na cabeça; assim, teve de conformar-se em ficar ao relento até que a chuva cessasse. Daí vem o fato de o abutre ter a cabeça pelada e uma aparência feia.

O mais importante nesse mito é evidenciar a supremacia de Olódùmarè. Ele é aquele que tem a primazia do direito e a última palavra em todos os assuntos. Nisso notamos a importância do respeito aos mais velhos dentro do culto.

Olódùmarè é o cabeça. O conjunto de odù mostra-o repetidamente como o chefe a quem todos os assuntos são levados para aprovação, julgamento ou solução. As divindades costumam procurá-lo também para chegar a um acordo nas disputas entre elas.

Olódùmarè é constantemente retratado nos mitos como “aquele a quem são enviados os apelos finais”.

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